quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Olhos do Tempo

Sob o abraço do ardente Sol,
Fito o horizonte à luz do entardecer.
Consumido por memórias,
Memórias de alegria,
Memórias de amargura,
Memórias de saudade,
Memórias à muito perdidas,
No vasto oceano que é a mente do poeta.

Agora tudo parece pequeno,
Distante, frio e cinzento...
Pois os olhos com que fito,
Já não são os de uma criança,
Quando o mundo parece bom, quente e doce.
Uma ingenuidade feliz e calorosa.

Um prado verde estende-se até ao horizonte,
Iluminado pelo brilhante meio-dia.
Onde não há lugar para tristezas.
Mas tal como o dia avança,
Também a consciência do Homem,
E o prado verde...
Não mais prado verde é.
Uma planície árida e rochosa,
Fria e solitária,
Ensombrada pelo Sol crepuscular.

Assim é a visão do Hoje.
Não mais a do Ontem,
Não mais ingénua e alegre.
Mas conformada com a tristeza, solidão e frieza,
Do que é o mundo dos homens.