quinta-feira, 3 de junho de 2010
"Gánhamos saber, mas perdemos sabedoria..."
Estranho título não? Aparente paradoxo não é verdade? acreditem que depois de explicado não é assim tanto. Já todos ouvimos falar das críticas ao mundo actual. Críticas ao consumismo, à poluição, a uma mentalidade fútil, etc.. Pois a crítica que vos trago hoje é uma crítica a uma mentalidade muito enraizada na nossa sociedade que, está tão profundamente cravada em nós como a Excalibur na pedra (assim reza a lenda), que nem damos por ela. Esta mentalidade trata-se de uma mentalidade científica. Uma mentalidade que consiste em não acreditar em nada que a ciência não prove ou que os nossos sentidos não apreendam, e em que a ciência consegue responder a todas as respostas filosóficas que se nos deparam ocasionalmente (maioritariamente quando "pensamos bem"). É certo que a ciência, como fonte de avanço tecnológico, nos trouxe muitas coisas proveitosas e aumentou em muito o nosso conhecimento (o dito "saber"). No entanto, com tanta ciência, esquecemo-nos de dar valor a coisas que, depois de devidamente apreciadas, mostram um valor riquíssimo e que nos tocam profundamente. Estou nada mais nada menos a falar do valor dado, por exemplo, a uma paisagem que nos possa fascinar. E, parecendo que não, isto está relacionado com o dito consumismo e futilidade anteriormente falados. Com tanta ciência à nossa volta, ficámos obcecados com o acto de adquirir mais e mais frutos da ciência e dos seus consequentes avanços tecnológicos e com isso esquecemos algo importante: a Natureza. Isto pode soar um pouco ambientalista mas tenham em conta que não sou, de todo, um activista verde ou algo do género. Com esta mentalidade científica, aliada ao capitalismo das economias de mercado, cada vez mais se destrói ecossistemas tendo em vista apenas o lucro ou outros valores "científicos". Deixámos de dar importância ao ar puro que se pode respirar no campo, ao efeitos de luz que podem ser proporcionados pelos raios de sol a passar por entre as folhagens duma frondosa árvore. E para não me chamarem de louco, desafio-vos a uma visita ao Alentejo, propondo que estejam num sobreiral, as 19h, e que esqueçam tudo, perdendo um tempinho para tentarem apreciar a beleza do cenário que vos envolverá. E o que é isto tudo tem a haver? Muito simples: com os avanços tecnológicos e a mentalidade científica enraizada, deixámos de dar valor à fonte de toda a vida: a Terra (não, não estou a falar da Terra como um deus, simplesmente como fonte de toda a vida biológica. Se me perguntarem de onde é que esta apareceu, apenas tenho a dizer que eu cá tenho as minhas crenças, e cada um com as suas). Deixámos de dar valor a tudo aquilo que é selvagem, viçoso, os ciclos naturais de vida não corrompidos pela mão humana. Peço que reflictam um pouco nisto e experimentem o meu desafio, ainda que tenham que o adaptar ao vosso estilo de vida pelos mais variadíssimos motivos. Experimentem uns momentos de sossego num local sossegado, isolado, onde a Natureza esteja, de facto, "viva" e depois venham-me dizer se tenho ou não razão. Por tudo o que foi aqui dito não me considero de todo um ambientalista, mas apenas alguém que pode ser chamado de "rural". No fundo, um apaixonado pelo campo e pelo meu Alentejo.
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