segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Lugar Por Preencher

Sinto falta de algo.
Sinto um vazio em mim.
Assola-me a sombra de um desejo desconhecido por cumprir.
Um desejo de algo ardente, algo nunca sentido mas cobiçado.
Um desejo de loucura, pois de loucura trata o amor.
Vejo-o no dia-a-dia, em todo o lado.
Vejo o seu brilho nas noites estreladas de Verão.
Vejo o seu fogo nas labaredas da lareira no Inverno.
Vejo a sua sensualidade no cair das folhas de Outono.
Sinto o seu aroma nas brisas leves da Primavera.
Ah!
Triste a alma moribunda que não ama!
Triste a alma solitária que não é amada!
Longos vão os dias que em mim me fecho, assombrado pelo negro de estar só, quando no meio de muitos me movo.
Preso na minha própria prisão, amarrado por dúvidas, amordaçado pelo medo, trancado pela incerteza do ser que não é.
Pudera eu ver-te, pudera eu tocar-te, pudera eu abraçar-te e em ti depositar todas as minhas alegrias e amargura, todos os meus medos, inseguranças e desejos.
Ter em ti o conforto que só o verdadeiro amor pode dar, e entregar-me como criança ingénua e inocente, num amor que não sufoca, não prende o livre o livre espírito que há em mim, que me impulsiona a voar, e me ampara quando caio.
Pudera ter em ti o dom do amor nunca vivido.

terça-feira, 29 de março de 2011

O Anjo caído, O Espectro renascido, e tudo fica como nunca foi.

Mais uma vez vagueio, arrasto-me, numa latência comatosa.
Por momentos vi uma luz, era quente, aconchegante, esperançosa, cativante. Corri de braços abertos, como se da minha sobrevivência se tratasse, para ela, para o conforto e segurança que ela me proporcionava.
Foi então que uma figura celeste apareceu diante de mim, de uma beleza persuasiva, viciante. Uma aura divina a envolvia, mas não uma divindade distante, estava ali, ao meu alcance.
Pegou-me pela mão, levou-me com ela, aqueceu-me o corpo, e o espírito, sarou minhas feridas, periféricas e interiores, trouxe a mim a esperança duma nova realidade, não mais a realidade demente, uma realidade que me retirava do mundo das sombras espectrais.
Durante dias tomou conta de mim, e eu, como criança, me entreguei, de forma ingénua, pura sem saber onde iria parar, simplesmente continuei.
Mas a sua estadia não foi longa, nem curta. Apenas a suficiente para drogar e viciar um homem quase feito, que irracionalmente se deixa levar.
Rapidamente, sem aviso, sem prenúncio da sua chegada, sombras do passado vieram e foram, e levaram de mim o meu anjo.
Como um louco procurei, e finalmente encontrei, mas o meu anjo estava diferente, já não irradiava o calor de outrora, mas uma amena e triste temperatura.
Disse que me fosse, que o meu lugar não era a seu lado, que tinha que seguir pela estrada como o Caminhante da Alvorada.
Antes de se despedir com o um silencioso beijo inexistente, disse-me que a sua amena temperatura sempre me reconfortaria quando estivesse à beira do desfalecimento...

(...)

Já no sombrio vazio enterno, retorço-me como um louco em convulsões, e, em desespero brado ao negrume:
"Porquê?
Porquê Senhoras do Destino?
Porquê?
Porque entrelaçastes vós meu caminho com o de um anjo para depois mo retirares?
Que fiz eu para merecer tal castigo?
Que fiz eu para me ser retirada a candeia que alumiava meu caminho...?"

Estou de volta ao domínio espectral, Senhor das Trevas Etéreas, que não conhecem início nem fim, que eternamente se alimentam das almas dos pobres sofredores, guardando sempre a memória da Tua luz que amenizava minhas misérias.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Estou perdido, como um navio à deriva no imenso oceano.
Sinto-me preso no meio da escuridão, o breu abraça-me e envolve-me, aquece-me friamente.
Sizem que a Solidão e a Depressão são amigos perigosos... Eu agarro-me a eles como se nada mais tivera.
Consumo avidamente cafés e cigarros, trazendo comigo um cheiro fétido de fumo, miséria e loucura. Estou moribundo.
Nada acalma a ânsia que sinto de algo que não sei saber o que é.
Vagueio pelo mundo humano como um espectro, mas o mundo dos sonhos não mais me ilumina.
Vou-me deitar, fecho os olhos, e começo a perder-me na eteriedade.
Sinto-me tonto, e começo a sentir-me nauseado, mas sei que é apenas o início, duma latência inquieta que me adormece da minha doença.
É esta a minha demência.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Quem sou eu?

Quem sou eu?
Não mais me conheço.
Perdido entre pensamentos, sonhos, filosofias e devairos.
Não sei se estou no limite da sanidade, ou se a tocar as raias da insanidade.

Sou real? Ou vivo num sonho?
Creio que o Sonho é o meu mundo,
Pois a minha mente parece cheia,
Cheia de surrealidade, impossibilidade e idealismo.

Sou um passageiro da minha loucura,
Perdido na eteriedade do vácuo mental,
Entre o esbatido nevoeiro de cigarros,
Embriagado por meus sonhos,
Latente entre a realidade - e existe tal coisa? -
E a minha demência